quinta-feira, janeiro 17, 2008

Um presente para a aniversariante. Nagib Charone. O Liberal 17 jan 2008.

Belém faz aniversário e a equipe da atual administração se esforça para apresentar um presente capaz de justificar 392 anos de existência e a inclusão da cidade em uma época de transformações dignas de nota na sua história. Para isso, em páginas inteiras de propaganda, a prefeitura apresenta um conjunto de obras razoáveis, incluindo algumas não acabadas.
Ao fim e ao cabo, o morador percebe simplesmente que a equipe está levando a cidade no seu dia-a-dia de forma eficiente, excetuando a desocupação do espaço público. Tendo começado a administração de quatro anos de forma lerda e até despercebida, a equipe atravessou um período de turbulência com seus principais líderes disputando poder, discordando nas decisões e ameaçando um tremendo desacerto.

Mexidas algumas peças do tabuleiro, o grupamento acertou o passo e, nesse último ano, tem levado a faxina da cidade com a vassoura e o martelo na mão, de forma cadenciada, persistente e sem muitas reclamações.

As propostas das grandes obras, do ataque aos grandes problemas que afligem a cidade, mesmo não estando no programa de campanha, têm sido acertadas. Um exemplo dos mais significativos é o Projeto Orla, com o qual o prefeito pretende transformar a área banhada do rio Guamá em avenida marginal de grande impacto, eliminando aquela balbúrdia de palafitas e comércio desvairado lá existente desde épocas imemoriais. Porém, entre a intenção e a realidade existe a mesma diferença que vai do céu ao inferno.

Um outro exemplo é o saneamento da bacia da Estrada Nova, ou a macrodrenagem do Jurunas e bairros contíguos. O projeto acima foi anunciado como destinado a ser financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, cuja missão de técnicos para análise dos projetos esteve em Belém várias vezes.

As secretarias da prefeitura não conseguiram aprontar os projetos básicos bem como a documentação e, assim, não lograram êxito em convencer a equipe exigente do Banco, perdendo a administração atual um tempo precioso. O projeto foi incluído no PAC e já tem assegurada a assinatura dos convênios para execução de parte das obras, o que sem dúvida nenhuma é um grande avanço. Com isso, a prefeitura mantém a esperança de dar início às obras ainda neste semestre.

O atual prefeito sempre sonhou com obras avantajadas que de alguma forma tornassem sua administração marcada definitivamente. A ampliação das faixas de tráfego da calha da avenida Duque de Caxias o deixou com o sabor desse tipo de sucesso, da feita que a mexida naquela avenida o colocou com alguma visibilidade, tendo em vista o impacto visual causado pelo amplo espaço da avenida, uma das mais largas da cidade.

O prefeito tem feito pouca propaganda do Projeto Orla, um dos projetos que compõem um conjunto de obras que ele denomina Portal da Amazônia, pois que, com parte dele já executado, pretendia apresentá-lo como o presente para a cidade no seu aniversário.
A foto aérea da obra mostra a real grandeza da empreitada e os benefícios que ela representa para a cidade de Belém, abandonada por obras de impacto desse porte e com essa dimensão. O que se pergunta é qual será o destino desse megaprojeto, tendo em vista que o prefeito se mantém quase isolado na luta desesperada para a alocação dos recursos para sua finalização. O atual alcaide tem ido de ceca a meca e, pelo visto, não tem conseguido empolgar ou pelo menos conseguir palavras de estímulo dos ministérios de Brasília.

Às vésperas de uma eleição para a prefeitura, acirram-se as disputas, e nas lutas pela conquista do poder essa disputa entre os contendores não costumam respeitar as obras iniciadas e nem a opinião da população. A disputa política costuma conduzir os contendores às situações de ódio eterno, como os que levaram Enéas Pinheiro à morte no ostracismo, para não lembrar outras disputas mais recentes. Nesse caso, deve o prefeito, na hora apropriada, chamar a população para o lado da consecução da obra, que será o grande presente para a aniversariante, quiçá antes dos 400 anos.

Nagib Charone Filho é engenheiro civil e professor da UFPA

terça-feira, janeiro 08, 2008

HIDROVIA - Novo terminal deve sair este ano. Diário do Pará. 08 jan 2008.

A Secretaria de Transportes já tem disponível uma verba de R$ 8 milhões, do orçamento do Estado, para dar início ao projeto de construção do novo Terminal Hidroviário Metropolitano de Belém. A obra, cuja conclusão é prevista ainda para este ano, contará com recursos federais, oriundos de emendas parlamentares ao orçamento geral da União para 2008, e também com financiamento da Caixa Econômica. O terminal vai ocupar uma área de 60.400 metros quadrados à margem da rodovia Arthur Bernardes, ocupando as antigas instalações da extinta Empresa de Navegação da Amazônia, a Enasa.

Elaborado pela arquiteta Lucinda Assis Sena, o projeto tem sua execução prevista em três etapas.

A primeira, a ser iniciada ainda no primeiro trimestre, contempla a realização das obras de restauração do píer e de sua ponte de acesso, que também será urbanizada. Ele prevê também a construção da estação de passageiros, de uma passarela coberta até a entrada do terminal, da guarita de controle geral, de uma estação de ônibus e de parte do sistema viário interno.

A segunda etapa abrange obras complementares de logística e equipamentos diversos, incluindo-se a construção de um píer e da ponte de acesso ao galpão de carga e descarga do terminal. O objetivo, conforme destacou ontem a arquiteta Lucinda Sena, é separar a movimentação de cargas do fluxo de passageiros, de forma a permitir a otimização dos serviços e oferecer mais conforto e qualidade de atendimento aos passageiros e usuários do terminal.

De acordo com Lucinda Sena, as obras complementares da segunda etapa prevêem a conclusão do sistema viário, a reforma da casa que abrigará a administração do terminal e a construção de estacionamento público. O circuito viário interno vai permitir a entrada e circulação de veículos leves, motos, bicicletas, caminhões de porte médio e micro-ônibus. Ainda nessa fase, a Setran pretende fazer a reforma e adequação de galpões, preparando espaços próprios para a instalação de lojas, lanchonetes e restaurante. Estão projetadas também para a segunda etapa uma área para contemplação e lazer, voltada para a Baía do Guajará, as obras de paisagismo final e a restauração da “Casa de Pedra”, construída há quase um século e que está hoje bastante arruinada.

A terceira e última etapa corresponde à restauração de mais dois grandes galpões e o paisagismo de suas áreas de entorno. Um dado importante, conforme destacou a arquiteta Lucinda Sena, é que todo o projeto arquitetônico foi concebido de forma a garantir a sustentabilidade do terminal. Ou seja, os gastos decorrentes de sua operação, manutenção e conservação não deverão ser cobertos com verbas públicas, mas pela receita oriunda dos aluguéis de lojas, sobrelojas, restaurantes e outros equipamentos que serão instalados no local.

O secretário de Transportes, Valdir Ganzer, destacou que a nova logística de transporte hidroviário em Belém será muito importante por ocasião do Fórum Social Mundial, que será realizado em Belém em 2009 e que certamente vai atrair grande número de visitantes, tanto do Brasil quanto do exterior. Da mesma forma – acrescentou o secretário da Setran –, esse projeto vai dar respaldo à possível escolha de Belém como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, tendo em vista a necessidade de oferecer aos visitantes serviços de transporte rápidos, eficientes, seguros e confortáveis, além de qualidade máxima no atendimento.

Frank Siqueira