quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Folha de Boa Vista, 18 de fevereiro de 2004

Orla do Rio Branco

Prefeitura quer demolir três prédios

CYNEIDA CORREIA
Editoria de Cidade

Uma área de lazer, criada como objetivo de realçar o encanto da paisagem e ampliar a convivência da população com o rio Branco, pode virar caso de Justiça.

A negociação entre a Prefeitura Municipal de Boa Vista e os proprietários dos prédios onde ficam localizados a Colônia de Pescadores, o restaurante Macuchick e o Centro de Artesanato não anda bem. Os donos dos locais ameaçam entrar na Justiça, caso sejam obrigados a saírem dali para que a orla seja construída.

O presidente da Colônia de Pescadores, Pedro Pereira Filho, garantiu que se a negociação não evoluir, eles entrarão com uma ação para garantir o direito de permanecerem no local.

“A Prefeitura ofereceu um valor pelos prédios que consideramos muito baixo. Então, fizemos uma contra-oferta e agora vamos aguardar o resultado da negociação. Se for o caso, vamos entrar na Justiça para garantir nossos direitos”, explicou Pereira.

A Prefeitura está oferecendo R$ 340 mil para os pescadores pelos dois prédios: um onde funciona a colônia e o outro onde existe uma peixaria, também pertencente à associação.

“Nós fizemos uma assembléia geral e não aceitamos a oferta. Uma comissão foi formada pelos pescadores para negociar com a Prefeitura e resolvemos pedir um prédio que fica próximo à beira do rio, no bairro Calungá e mais algum dinheiro de volta pelo negócio. Agora estamos aguardando a resposta deles para continuarmos as negociações”, disse o presidente.

Segundo os pescadores, o setor jurídico da prefeitura, que está responsável pelas negociações, deve dar uma resposta em 15 dias sobre a proposta apresentada.

ORLA – A Folha entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista para obter maiores informações sobre o impasse, mas não obteve resposta. A assessoria afirmou que somente hoje irá se pronunciar sobre o assunto.

No site oficial da Prefeitura, o Projeto Orla é colocado como um dos programas especiais implementados pela gestão da prefeita Teresa Jucá (PPS). O projeto de recuperação da orla tem como objetivo valorizar o potencial turístico da cidade. A obra tem 405 metros de extensão e começa no Monumento aos Pioneiros, indo até à rua Floriano Peixoto.

O espaço terá píer com calçadão suspenso, áreas de balneário e de atracação de barcos, lanchonetes e quiosques. A Prefeitura acredita que o projeto deve gerar 100 empregos diretos e pelo menos o triplo em empregos indiretos. Atualmente, as equipes estão concluindo a concretagem das quatro plataformas de sustentação.

A primeira etapa da obra, de colocação das vigas de sustentação, está sendo a mais demorada. Cada viga tem alicerce com profundidade de cinco metros. A assessoria de comunicação não confirmou se é verdadeira a informação de que uma das colunas de sustentação está com problemas.

Na obra, nenhum dos trabalhadores quis falar sobre o assunto e os membros da Associação de Pescadores também não sabem informar a veracidade da notícia.

“Não ouvimos falar que nenhum pilar tenha caído, mas como ninguém pode entrar na obra é difícil saber o que acontece”, afirmou Pedro Filho, da Colônia de Pescadores. (C.C)

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