quinta-feira, março 15, 2007

Bosques e jardins perfumados para Santarém. O Liberal - Cartas na mesa.

Para corrigir e melhorar não somente o clima, mas os aspectos urbanístico e paisagístico que irão humanizar esta cidade, nada mais adequado, urgente e meritório do que a arborização de nossos logradouros através da criação de parques, bosques e jardins, com espécies essenciais perfumosas.

Há muitos anos alerto e escrevo sobre a urgente necessidade de arborização de Santarém, do plantio de parques, bosques e jardins nesta cidade cada vez mais desnudada de sua cobertura arbórea. A ocupação com múltiplas e compactas edificações dos antigos quintais onde outrora existiam frondosas e centenárias árvores, associada à destruição da arborização das vias públicas para abrir espaço aos veículos, eliminou os microclimas amenizadores do calor de Santarém.

Em 2001, em artigo publicado em um dos periódicos desta cidade, sob o título 'Árvore na Orla, nome na História', instei para que a administração municipal marcasse seu nome nas crônicas desta cidade, para ser lembrada por muitos séculos, plantando alguns milhares de árvores ao longo de toda a orla ribeirinha, reforçando com o argumento de que Santarém ficaria ainda mais bela.

Um dos maiores feitos do Imperador Pedro II foi mandar restaurar a Floresta da Tijuca e Mendonça Furtado é lembrado por arborizar com espécies exóticas inúmeras cidades brasileiras.
Em 2004, sob o título 'Árvores e bosques para Santarém', afirmei que: 'Se há tema que me apaixona e sobre o qual de vez em quando volto a falar, certamente, arborização urbana é um deles'. Numa audiência pública sobre o Plano Diretor de Santarém realizada em 2003 na Câmara Municipal, manifestei preocupação com a falta de árvores na orla e no centro da cidade. Parecia-me inconcebível que tais projetos, de grande importância ecológica, não contemplem o paisagismo, a arborização, a humanização do ambiente urbano.

Há, nesta cidade, inúmeros locais perfeitamente adequados à construção de bosques, parques e jardins, todos eles ameaçados por olhos ávidos por enchê-los de concreto armado. O pior é que este verdadeiro atentado contra a humanização desta cidade é perpetrado por veneráveis instituições que, elas mesmas, proclamam a defesa ecológica.

Entristece-me profundamente o crime que a construtora da Orla perpetrou ao não plantar sequer um único arbusto e, além disto, revolver as areias, misturando-as com barro, deixando um monte de lixo, restos de estacas de concreto e outros materiais sobre a praia, transformando-a em horror para a vista e risco para banhistas e embarcações que embicam nas margens do rio. Este crime ambiental deve ser reparado e evitado a todo custo no prosseguimento das obras da orla. Alguma solução técnica deve ser introduzida de modo a que o novo trecho da Orla seja arborizado e, quem sabe, se possa beneficiar a parte já construída.

A alameda central da avenida Anízio Chaves, estendida desde a Cuiabá até a margem do rio nas proximidades da Tecejuta, deveria ser totalmente preenchida com árvores frondosas e canteiros de flores. Assim, muitos outros espaços tais como os da Aeronáutica, do Exército, do Ibama poderiam, inclusive por iniciativa de seus detentores, ser transformados em parques, bosques, jardins, canteiros, jardineiras, sempre que possível com plantas essenciais que exalem perfume ou possuam intensa floração.

Este é um sonho antigo, não apenas meu, mas de muitas outras pessoas que amam apaixonadamente Santarém. Por isto mesmo, acompanho, com grande entusiasmo, muita alegria e pleno interesse em integrar-me ao projeto, a iniciativa de pessoas de visão e altamente competentes em suas respectivas atividades particulares, dispostas a investir dinheiro do próprio bolso para disparar o processo de transformação de Santarém num das mais belas, mais floridas e mais perfumadas cidades deste Planeta. Iniciamos, todos juntos, a marcha para sermos, com profundo orgulho, uma cidade de bosques e jardins perfumados.

Sebastião Imbiriba

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